Enquanto lamentamos o passado ou planejamos o futuro, a vida acontece à nossa revelia. Não percamos as rédeas do nosso destino, façamos do presente o nosso melhor presente.
Viver é equilibrar-se na corda bamba da incerteza entre o para sempre e o nunca mais.
Que importa a extensão desmedida de
terras e mares a nos seprar, se não há lonjura entre as minhas vontades e os teus desejos?
Como
frutas que apodrecem, tecidos que esgarçam, as palavras sofrem a ação
do tempo. Mensageiras de enganos e certezas, são servas do vento,
sempre voam.
Amor é o que lateja mas não dói; o que desassossega sem tirar a paz; o que dá cor à tela cinza da vida e
borda os nossos sonhos com esperanças de realidade.
Quando
amanhece, pensamentos mal comportados atravessam o Atlântico; versos
assimétricos saltam das pontas dos dedos, a manhã reverdece esperanças
dormidas em catres escuros... e a vida segue independente dos ônus ou
dos bônus que se acumulam dia após dia.
Tenho procurado olhar para as coisas sem emotividade, sem racionalização, para vê-las sem austeridade e sem roupa de festa, sem nada que lhes contamine com o meu olhar de paixão ou desdém. Não quero mais castelos nem taperas vestindo a minha imaginação; quero a nudez da realidade e sua caixinha de surpresas armando o imprevisível.
Se me fosse dada uma varinha mágica, faria outro enredo para a humanidade; apagaria todas as páginas de algemas, de catres e porões, e escreveria uma história em que a liberdade fosse uma lei irrevogável.
O que as mãos não alcançam o pensamento desenha com o traço desassossegado da saudade que se renova dia após dia...
São muitos a nos indicar os caminhos, são inúmeros os que nos apontam trilhas e
sugerem desvios, mas sempre
pagamos sozinhos o preço da escolha feita.
Necessito das palavras para despir os meus silêncios.
Lâminas cortantes ou unguentos que saram, são elas a vestimenta das histórias, o vento que leva toda mágoa ou o anjo que anuncia as boas novas.
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